Atuação na Defensoria Pública
O Defensor contou que quando realizou o concurso da Defensoria Pública em 1999, não conhecia bem a atuação da instituição, além da ideia genérica do advogado que atende pessoas que não podem pagar pelo profissional. “Era uma novidade, hoje o reconhecimento que temos é fruto do trabalho dos Defensores”.
Quem o motivou a realizar o concurso para a Defensoria Pública foi o colega Marcelo da Silva, que na época conhecia a instituição e já se preparava para a seleção. Sandro refletiu sobre as condições de estudo na época “eu não fiz nenhum curso preparatório e por isso, hoje, eu posso dizer: quem pode se inscrever nos cursos da FESDEP, ajuda muito. Estamos falando de 1999, com internet discada só depois da meia noite e com alto custo, as coisas eram muito diferentes”.
Quando tomou posse, Sandro não tinha nenhuma experiência jurídica e ficou receoso de ir para uma Comarca maior, então, deu início a carreira em Júlio de Castilhos, “foi uma experiência como Defensor e como ser humano incomensurável; uma Comarca de interior, com pessoas acolhedoras e com uma comunidade muito pobre. Lá comecei uma trajetória”. Ele lembrou da alta demanda do local, pois além de Júlio de Castilhos, também atendia a população da cidade de Tupanciretã.
“Eu comecei do zero”, declarou relembrando da falta de organização que era refletido até nos estagiários. “Nós sabemos bem dessa realidade, os novos colegas não tem esse conhecimento. Não tínhamos equipamento, para a Comarca de Júlio de Castilhos comprei dois computadores usados, e em Tupanciretã, que não tinha como ser instalado um computador, comprei um notebook, que na época era uma fortuna. Essas são as dificuldades do Defensor, nós, que fomos forjados a ferro quente, aprendemos a comprar nosso próprio equipamento de trabalho”, comenta Silva.
Depois da atuação em Júlio de Castilhos, Sandro ficou quase três anos em Lajeado, classificado na primeira Vara do Júri, onde realizava execução criminal e fazia atendimento em Arroio do Meio, que contava com apenas uma estagiária para o auxiliar. “A demanda era gigante, chegavam de 30 a 40 pessoas por dia, eu realizava uma triagem para ver os casos emergenciais e seguia assim, alguns dias, eu atendia 10 pessoas, outros, 30, sempre sozinho”.
A falta de experiência no júri causou muita preocupação para Sandro no começo, “meu primeiro júri estava marcado para o dia 9 de novembro, eu tomei posse dia 21 de setembro, nunca tinha entrado em um plenário de júri na minha vida, e o feedback que eu tive foi do réu, era a minha primeira vez, porém, era a décima dele”. Sandro contou sorrindo sobre como o assistido elogiou sua atuação.
“Ao todo, na minha vida na Defensoria Pública, devo ter passado por um total de 350 júris, hoje estou classificado em uma Vara Cível de atendimento, as vezes faço um júri, mas não é a minha coisa favorita de fazer, por todas as dificuldades que se tem dentro do contexto que estamos vivendo hoje, é bem difícil”.